quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Ainda Cambambe…

O António Basto, um amigo que esteve em Cambambe, vai dando notícias e com veia poética.
Aproveitando para publicar mais duas fotos do “Furriel” Heleno, vejamos o que ele nos diz...
…parece-me o vosso Batalhão rendeu a minha companhia em Cambambe e o resto que estava em Salazar.Se bem me lembro havia um Capitão Miliciano Soares que era daqui de Braga, que nunca mais vi. Será que estou certo?Aquela foto sacou do baú das memórias, algumas coisas boas e outras bem desagradáveis, e dai saiu este poema.

Nota: O Capitão Soares era o Comandante da 1ª Companhia e curiosamente nunca apareceu nos nossos encontros, segundo a nossa base de dados vive perto de Coimbra.

O CUANZA EM CAMBAMBE

Flui em ondulantes movimentos,
De verde musgo vestido,
Beijando as margens adormecidas.

Seus reflexos coloridos de azul
Inundam de brilho meu olhar,
Que se devaneia no infinito

Levanta-se a neblina matinal,
Repleta de intenso odores.
Escondendo a luz do sol

No ar madrugam viajantes,
De fauna africana colorida,
Que dispersa meu pensamento

Gotículas de água–cristal,
Dançam e beijam o arco-íris
Adornando o transparente céu

De repente dobra suas costas,
Sobre a imponente cabeceira
Que encobre minhas mágoas

Esvoaça o esbelto monstro
Em queda livre nas alturas
Buscando a sua liberdade

Levanta-se muito devagar,
Vai seguindo sua viagem
Que marca o meu destino.

Vai correndo, seguindo o Sol
Desenhado em seu ocaso
Apagando minhas memórias

Finalmente chega o abraço
Do Cuanza e do Mar,
Que desde então passei a amar.

António Basto©

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