Com estas fotografias do Luís Heleno, do João Burrica e do Amadeu Romão recordamos aqui a viagem da AB4 para o Dondo, que o saudoso “Furriel” Piteira descreveu assim:
“Sei, mas não tinha era a consciência do que poderia ter
acontecido. quando a coluna militar parou pela manhã em SALAZAR, assim se
chamava até 1975, em que a 3ª companhia do BAT CAV 8322/74 , se deslocava para
uma nova ZA ( Zona de acção). Nosso destino Catete pela importância histórica ,
foi lá que nasceu o líder do MPLA AGOSTINHO NETO .
Foi uma viagem de regresso, vínhamos aproximando de Luanda, deixamos para trás
Saurimo , mais propriamente o AB4 onde estivemos aquartelados durante uns meses
interagindo com a cidade lá em baixo a 2 ou 3 kms.
A coluna militar partiu e eu uns quilómetros passados é que me apercebi da
extensão da mesma, no momento já era uma coluna mista acompanhava-nos mais de
70 carros civis, sentir-se iam mais seguros viajar com a tropa portuguesa a
finalidade deles era chegar a Luanda para vir para Portugal. Os chamados
Retornados!
Todo o Norte de Angola já estava no domínio do MPLA já não havia conflitos
portanto até N`dalatando foi uma viagem de turismo apreciando a vistas e
divertindo-nos com as peripécias que aconteciam ás viaturas já velhas a gastas,
eram " abatidas " ali mesmo montanha abaixo.
Desta vez tive o privilégio de viajar instalado dentro da cabina de uma Berliet
, sem ar condicionado com quilos de pó no camuflado.
Como a coluna em andamento de estendia por vários quilómetros era difícil
passar mensagem todo com aquele roncar dos motores se a primeira viatura
parasse só meia hora depois pararia a ultima assim lá íamos todos contendes da
vida , ficaríamos uns metros mais perto de casa , por ironia assim que cheguei
e para animar estava um cartaz de boa vindas e irónico - Maçarico está a 10.000
Kms do PUTO (Portugal).
Que linda que estava MALANGE à vinda, destroçada que estava à ida , porém já
não estaria o dono do restaurante onde não pagamos o jantar uns meses antes
...... para lhe liquidar a dívida .
Serpenteando pela estrada daqueles montes e vales e já perto de N`Dalatando
aproximava-se sarilhos, já anoitecia a coluna parou na cidade pesava eu que era
para passarmos a noite . mas não, uma barreira do MPLA que não queriam
deixar-nos passar.
Só passariam os militares os civis não , que grande embrulhada , não
deixaríamos nas mão dos guerrilheiros os civis , que poderia acontecer eu não
sei mas deduzo ...
Altas patentes reunidas em conversações que duraram quase toda a noite , fomos
avisados que poderia dar para o "torto" para estarmos preparados
.....
No meu caso preparei-me mas foi para comer um arroz quente com mandioca duma
amável e linda mestiça que foi com a minha cara, que já estava farto da ração
de combate, chocolate com leite e conservas aquecidas na pólvora das balas ...
Por fim lá foi desbloqueada a situação e tudo seguiu conforme, partimos cedo a
ainda parámos em Cambambe onde estava instalada uma companhia do nosso Batalhão
, para montar segurança a barragem.
E assim chegamos a CATETE e os civis seguiram para Luanda .
Uma história do Zé Piteira publicada no seu Blog
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